Sananduva tem primeira condenação por tentativa de feminicídio após nova lei
Um homem denunciado pelo Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS) foi condenado nesta terça-feira, 2 de dezembro, pelo Tribunal do Júri em Sananduva, a 25 anos de prisão pelo crime de tentativa de feminicídio. O julgamento, que durou em torno cerca de 10 horas, reconheceu como qualificadoras a presença dos dois filhos durante o crime, emprego de meio cruel, dissimulação e recurso que dificultou a defesa da mulher.
O réu estava preso desde janeiro deste ano, quando esfaqueou a ex-companheira, de 31 anos, na frente dos filhos do casal. Contido pelo pai da vítima, foi detido logo após o crime. A agressão ocorreu com golpes de faca no tórax e abdômen, causando sofrimento intenso e prolongado. O autor atraiu a vítima para fora de casa sob o pretexto de conversar, surpreendendo-a com os primeiros golpes. Mesmo após intervenção do pai, continuou o ataque, atingindo a mulher já ferida e sem possibilidade de fuga.
Segundo o promotor de Justiça Miguel Podanosche, autor da denúncia que também atuou em plenário, o julgamento foi o primeiro caso de feminicídio (tentado), na Comarca de Sananduva já sob as alterações promovidas pela Lei 14.994/2024, que transformou esse tipo de conduta em crime autônomo, dissociado do homicídio comum, e aumentou as penas. “A resposta dada pela sociedade, representada pelo Tribunal do Júri, indica um avanço civilizacional importante, na medida em que nossas comunidades já não mais admitem, sob qualquer pretexto, que mulheres sejam barbarizadas por aqueles que as deveriam proteger".
A vítima sobreviveu graças à intervenção do pai e ao rápido atendimento médico.
