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Promotor paulista cogita apenas torcida mandante em clássico

Promotor paulista cogita apenas torcida mandante em clássico

marco
Fernando Capez fala de situações enfrentadas, da violência no futebol, torcidas organizadas e o papel da PM

Restringir o acesso somente aos torcedores do clube mandante para evitar não a violência dentro do estádio de futebol, mas o deslocamento de duas grandes massas rivais pela cidade no dia de clássico. Apesar da idéia ainda não ter apoio no meio esportivo, esse é um projeto que o promotor de Justiça paulista Fernando Capez, que atua na defesa da cidadania, cogita trabalhar. “Os torcedores do time visitante, sabendo que não entrarão no estádio, não irão ao jogo, diminuindo o risco de encontros e emboscadas”, argumentou, explicando que a proposta é fácil de ser executada, mas não foi suficientemente debatida. O Promotor de Justiça e professor da Escola Superior do Ministério Público de São Paulo esteve nesta sexta-feira, em Pelotas, participando da II Semana do Ministério Público. Capez sustentou que, atualmente, “temos que cuidar é da violência que acontece longe dos estádios”.

Fernando Capez recordou que, há dez anos, quando o Ministério Público paulista investigou a atuação de torcidas organizadas no futebol, ficou constatado que algumas tinham sido transformadas “em organizações que estocavam armas e selecionavam pessoas com péssimos antecedentes para integrar seus quadros”. Essas torcidas frisou, acabaram processadas na Justiça, tiveram seus patrimônios confiscados, registros cancelados em Cartório e foram proibidas de entrar nos estádios. “Foram asfixiadas financeiramente e pulverizadas”, salientou Capez afirmando que, hoje, “o foco da violência não está mais nas torcidas organizadas e a preocupação não é mais dentro dos estádios”.

Reiterando não ser contra as torcidas organizadas, “mas contra as que praticam violência no futebol”, Capez disse não ter dúvida de que o Ministério Público pode entrar com ações e pedir a extinção da torcida quando uma atitude muito grave ocorrer. “O ideal é o monitoramento delas pelas autoridades, que devem exigir permanente atualização dos cadastros”, entende o Promotor de Justiça. Ele enfatizou que há dez anos, em São Paulo, mortes ocorriam dentro dos estádios de futebol ou nas imediações. Atualmente, as mortes acontecem longe dos estádios, em encontros ocasionais de grupos de torcedores no trajeto para o estádio ou “quando um delinqüente pega uma arma de fogo e, por puro prazer, se mistura na massa e dá um tiro ou joga uma bomba de fabricação caseira”.

Fernando Capez entende que essa questão está menos ligada ao futebol e muito mais a um problema de segurança pública, porque as pessoas que praticam violência longe dos estádios, embora nos dias de jogos, “são as mesmas que cometem crimes comuns durante a semana”. Lembrou que antes o Ministério Público lutava contra a violência das torcidas organizadas tachadas como organizações criminosas, mas como foram recadastradas e são acompanhadas de perto, o problema agora é enfrentar um inimigo invisível. “Você não sabe em que ponto da cidade, em que horário no dia do jogo, um sujeito sairá de casa com um revólver e, por puro deleite, efetuará um disparo e matará uma pessoa”, sublinhou. Sobre a atuação da Polícia Militar e até onde vai sua responsabilidade, Capez acha que compete à corporação o policiamento dentro dos estádios e nas imediações, mantendo o patrulhamento preventivo e ostensivo.

No caso de grupos de torcedores organizados, assinalou ser obrigação da PM projetar planos para a escolta desses ônibus até o estádio. Mas destacou que não é só e exclusiva obrigação da PM, porque o “Estatuto do Torcedor obriga o clube mandante estabelecer um plano de segurança para determinada partida e solicitar todos os apoios que forem necessários”. Mesmo que haja preparo e especialização de policiais militares para ações em praças de espetáculos, às vezes o resultado não é o esperado “em conseqüência da renovação constante nos quadros”, aponta Capez. Confrontos lamentáveis, a exemplo do que ocorreu recentemente com torcedores no Beira-Rio, em Porto Alegre, na avaliação do Promotor de Justiça “parecem mais falhas episódicas de policiais mau preparados”.



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