Cartilha da PREDUC de Santa Maria sobre impacto do uso excessivo de telas por estudantes é lançada na 52 ª Feira do Livro
A cartilha O Impacto do Uso de Telas em Estudantes/Crianças: desenvolvimento, aprendizagem e bem-estar foi lançada na última quinta-feira, 4 de setembro, durante a 52ª Feira do Livro de Santa Maria. Produzida pelo Grupo de Estudo de Psicopedagogia Institucional Escolar – projeto da Promotoria de Justiça Regional da Educação de Santa Maria (PREDUC-SM) –, a publicação é resultado de estudos sobre aprendizagem realizados por psicopedagogos, psicólogos, educadores especiais e assistentes sociais dos 44 municípios abrangidos pela PREDUC.
A publicação surgiu da necessidade de enfrentamento de um dos problemas detectados pelo grupo: o impacto do uso excessivo de telas na aprendizagem e no desenvolvimento de crianças e adolescentes, situação que se intensificou após a pandemia. O lançamento contou com uma roda de conversa entre as organizadoras da obra e a comunidade, com a presença de profissionais, crianças e pais da região; e uma sessão de autógrafos, que teve como ponto alto a participação das crianças que ilustraram a cartilha. Versões impressas foram distribuídas gratuitamente ao público, em parceria com o Projeto Pallotti, fortalecendo a importância do trabalho em rede.
A promotora de Justiça Rosangela Corrêa da Rosa, da PREDUC SM, ressaltou a dedicação e a qualidade do trabalho da equipe técnica do Grupo de Estudo de Psicopedagogia Institucional Escolar: “A ideia é que a obra possa ser um instrumento de trabalho nas escolas e outros espaços que atuam com crianças e adolescentes. Continuaremos a realizar diálogo com educadores, pais e comunidade sobre o tema. É preciso falar sobre a responsabilidade dos adultos nesse processo, pois as crianças e jovens precisam de orientação.”
Entre os prejuízos causados pelo uso excessivo de telas apontados pela cartilha, estão atraso na leitura, escrita e raciocínio matemático, problemas de concentração, dificuldades em atividades que exigem esforço mental, sobrecarga de informações e impactos no comportamento. Ainda, a publicação traz recomendações de tempo de tela da Sociedade Brasileira de Pediatria e da Academia Americana de Pediatria.
A assessora jurídica da PREDUC SM, Isabel Cristina Martins Silva, destacou o caráter coletivo da produção: “A obra foi elaborada a muitas mãos comprometidas com o estudo do impacto do uso de telas em estudantes crianças, em que os profissionais, após muitos encontros no grupo de estudos e em atendimentos individuais nos seus municípios, puderam compartilhar de forma clara e objetiva os prejuízos e benefícios do uso das telas, apresentando alternativas para convivência saudável. A cartilha teve a participação de estudantes que contribuíram com desenhos que interpretam a convivência familiar com e sem o uso de telas. Minha tia de 75 anos, ao ter acesso à cartilha, afirmou que ‘nos proporciona uma reflexão necessária sobre a responsabilidade dos adultos em orientar as crianças sobre o uso das telas, mas também para os adultos e idosos que devem regular o uso de telas’.”
Psicopedagoga do município de Restinga Sêca, Suzane Giovelli Martins também alertou para os impactos na aprendizagem: “O uso excessivo de telas pode trazer prejuízos à aprendizagem. O excesso de estímulos e informações rápidas compromete a atenção e a memória. Quando utilizado de forma descontrolada, pode interferir negativamente no desenvolvimento da linguagem e, consequentemente, nas habilidades de leitura e escrita. Além disso, o uso noturno das telas afeta a qualidade do sono, que é essencial para a consolidação da aprendizagem.”
Para a psicopedagoga Raquel Trevisan, uma das organizadoras, o foco da obra é a prevenção: “A cartilha é um instrumento de intervenção para a prevenção de atraso de desenvolvimento e aprendizado. Precisamos nos ater ao trabalho preventivo. Não haverá sistema que dê conta de tantas crianças e adolescentes adoecidos. Por isso, investimos nosso trabalho em prevenção. Que a cartilha seja um instrumento de estímulo, esclarecimento e trabalho de conscientização frente à realidade.”