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Seminário discute luta contra o câncer de mama

juliannemaia

O Sindicato dos Servidores do MP, o Centro de Apoio Operacional de Defesa dos Direitos Humanos, a Marcha do Movimento de Mulheres e o Instituto da Mama, promoveram na tarde desta quarta-feira, 30, o seminário “Mulheres em Movimento mudam o MP”, no Auditório Marcelo Küfner.

O coordenador do CAO dos Direitos Humanos, Francesco Conti, defendeu que o MP brasileiro é o único no mundo a trabalhar pela Defesa dos Direitos Humanos, o que está previsto na Constituição. “O CAO dos Direitos Humanos foi criado para cuidar essa questão, buscando a igualdade dentro da sociedade”.

A médica mastologista e presidente do Instituto de Mama (Imama) apresentou um diagnóstico do câncer de mama no país. De acordo com dados do Instituto Nacional de Câncer de 2010, o Brasil teve 49.240 casos de câncer de mama. Em 2007, Porto Alegre registrou 213 casos de câncer de mama; no ano passado foram 1.040. Além disso, 45,3% dos casos diagnosticados estão em fase avançada, em que o tumor está do tamanho de uma ameixa. “Estamos enfrentando problemas graves de descaso com as chamadas doenças não-comunicáveis, como o diabetes, doenças cardiovasculeres e o câncer. Não existem recursos para a prevenção”. Maira Caleffi explica que o câncer é uma doença do nosso tempo, ligada ao aumento da expectativa de vida e à exposição das pessoas a fatores ambientais. “Apenas 5% dos casos são hereditários”. A estimativa é de que em 2030, de 20 a 26 milhões de pessoas serão diagnosticadas com câncer de mama, e destas, até 17 milhões morrerão em decorrência da doença. É importante destacar dois mitos: homens também são diagnosticados com a enfermidade e somente a mamografia é o exame capaz de detectar o câncer. “O autoexame não é tão eficaz quanto o exame feito no consultório. Os médicos não podem se eximir desta responsabilidade”, explica a mastologista. Outro dado alarmante, é o período de tempo que uma mulher pode esperar entre a primeira consulta e o início do tratamento para o câncer de mama no SUS no Brasil: 188 dias. Uma pesquisa da Datafolha de 2009 apontou que 33% das mulheres que nunca realizaram uma mamografia, não o fizeram por falta de indicação médica.

Maria Caleffi disse que espera viver para ver a queda nos índices de câncer no Brasil, como foi observado em países como os Estados Unidos e a Inglaterra a partir dos anos 1990, através de check-ups frequentes, conscientização e movimentos sociais. O Instituto da Mama criou o Núcleo Mama em Porto Alegre em 2004, atuando no Hospital Parque Belém. Das 64.485 mulheres que foram convidadas a participar do programa de prevenção e tratamento do câncer de mama, apenas 9.218 aceitaram. “As pessoas ainda têm muita resistência a se tratarem. O câncer de mama está ligado à vergonha, ao silêncio”. O custo no Brasil com o tratamento do câncer de mama, em 2009 foi de US$ 157.364.603,00. Em 2020, a estimativa é de que estes gastos cheguem a US$ 208.665.463,00. “Estamos lutando para que o câncer de mama seja incluído na Agenda 2021 da ONU entre as metas de erradicação”. Maira Caleffi convidou o coordenador do CAO de Direitos Humanos para participar do Comitê Tolerância Zero, criado em 2009, para debater as dificuldades no acesso ao sistema básico de saúde no RS.

A promotora de Justiça Débora Rezende contou a sua história na luta contra o câncer de mama. Ela foi diagnosticada com a doença há cinco anos e alertou que não são apenas as pessoas que estão em grupo de risco (obesos, fumantes, pessoas com casos de câncer na família) que devem fazer a prevenção. “Pode acontecer com qualquer um. E nós, que temos informação, devemos ser multiplicadoras da importância da prevenção”.

A representante da Marcha do Movimento de Mulheres, Alexandra de Castilhos, abordou a diferença no tratamento entre homens e mulheres na esfera social. “O machismo se dá de diversas formas. A construção desses direitos se dá pela luta das próprias mulheres". No Brasil, as mulheres com ensino superior ganham em média 40% a menos que homens com o mesmo grau de escolaridade. Alexandra enfatizou que o espaço privado é o último reduto de poder dos homens nos dias de hoje e a violência doméstica parte daí. "A dependência econômica faz com que as mulheres das classes mais baixas sejam as mais atingidas". (Por Julianne Maia)



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