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Presos golpistas do crédito fácil

Presos golpistas do crédito fácil

marco
Dois homens e duas mulheres foram detidos em São Paulo numa operação do Ministério Público e da Polícia Civil. Vítimas foram atraídas pelo financiamento facilitado

Estelionatários que aplicaram dezenas de golpes em pequenos produtores rurais de cidades do interior do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, foram retirados de circulação nas últimas 48 horas. Os membros do grupo, que tinha como base um quarto alugado de um hotel no bairro Liberdade, em São Paulo, foram surpreendidos por agentes da Força-Tarefa da Promotoria de Justiça Especializada Criminal de Porto Alegre e da Polícia Civil de Ajuricaba - Regional de Ijuí, que cumpriram mandados de busca e apreensão e de prisão. Dois homens e duas mulheres – todos paulistas – estão detidos num distrito policial e mais tarde deverão ser trazidos para o Estado. As ações para desbaratar a quadrilha foram conduzidas pelo promotor de Justiça Frederico Schneider de Medeiros e o delegado de Polícia Carlos Iglesias Júnior.

Escondidos atrás de um nome fictício de uma firma chamada “CredRural”, os farsantes anunciavam em jornais e divulgavam em rádios de pequenas cidades do sul do País, números chaves de telefones para obtenção de financiamentos facilitados. Os juros eram convidativos, bem abaixo do praticado no mercado de crédito financeiro. O público alvo dos quadrilheiros eram pequenos produtores rurais em dificuldades financeiras. Essas pessoas, geralmente humildes, caiam na armadilha porque eram facilmente ludibriadas. O delegado Iglesias entende que grande parte das vítimas ainda não procuraram a Polícia “por acreditarem em envolvimento ilícito”, porque foram convencidos a entrar no negócio pela quadrilha.

De acordo com os agentes que efetuaram as prisões, o golpe aplicado era simples: quando a vítima ligava interessada em financiar um montante, um “corretor” entrava em ação para explicar como adquirir o financiamento pretendido. Pelo que foi apurado na investigação que durou três meses, pessoas que necessitavam de dinheiro para melhorar a produção da lavoura ou comprar maquinário agrícola, não resistiam a oferta mesmo suspeitando da transação. Quando havia desconfiança das vítimas, os estelionatários argumentavam de maneira “franca” a razão de um juro tão baixo. Diziam que o negócio era, na verdade, uma “lavagem de dinheiro” procedente do Uruguai e que seria desviado para políticos.

Vendo vantagem no financiamento, a pessoa interessada depositava quantias em dinheiro em contas correntes ditadas pelo telefone como parte do pagamento de “taxas iniciais”. Somente depois de alguns dias percebia que foi vítima de um golpe. A Especializada Criminal de Porto Alegre começou apurar a fraude quando um agricultor procurou a Promotoria para dizer que havia perdido R$ 59 mil para tentar obter um financiamento de R$ 300 mil. As investigações do Ministério Público e da Polícia Civil se cruzaram há um mês e meio, quando uma vítima de Ajuricaba esteve na DP para registrar a ocorrência. A partir desse momento a “Operação Camaleão” tornou-se conjunta. As investigações levaram os agentes para São Paulo, onde lá localizaram a base da quadrilha que agia dentro de um hotel.

Foi descoberto que as vítimas depositavam dinheiro em contas correntes de “laranjas”, que após repassavam os valores à quadrilha. Em São Paulo, os agentes da Força-Tarefa e da Polícia chegaram a monitorar uma negociação. Duas mulheres acabaram presas quando saíam de um banco após sacar o dinheiro. O encontro dos quadrilheiros foi na Praça da Sé. Quando os agentes invadiram o apartamento em que outros integrantes do grupo estavam hospedados, não houve reação. Mas os agentes, que contaram com apoio da 1ª Seccional de São Paulo, tiveram que recolher no fundo do fosso de luz do hotel cadernos de anotações com nomes de vítimas, celulares e materiais de anúncios de financiamento que os estelionatários jogaram pela janela instantes antes de serem presos.



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