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Ex-brigadiano diz que não recorda do fato e deixa defesa para advogado e jurados

Ex-brigadiano diz que não recorda do fato e deixa defesa para advogado e jurados

marco
Júri do homem que matou Promotor de Justiça começou às 9h30min, no Fórum de Santa Rosa. Previsão é de término na madrugada

Com o salão do Júri lotado e grande expectativa da comunidade, iniciou, às 9h30min desta sexta-feira, no Fórum de Santa Rosa, o julgamento do ex-brigadiano Heitor José Ávila, 29 anos, autor dos disparos à queima-roupa que interromperam a vida do promotor de Justiça Marcelo Dario Muñoz Küfner, 33, na madrugada de 14 de maio de 2004. O Conselho de Sentença é composto por quatro homens e três mulheres. Os sete jurados foram definidos dentre 21 cidadãos do município sorteados para a sessão que é presidida pelo juiz André Sühnel Dorneles. O promotor de Justiça Maurício Trevisan, de Santo Ângelo, designado pelo Procurador-Geral de Justiça do Rio Grande do Sul, representa o Ministério Público no plenário do Júri.

ACUSAÇÃO

Trevisan manterá a acusação de homicídio qualificado – pelo uso de recurso que impossibilitou a defesa da vítima – mais embriaguez ao volante e porte ilegal de arma e munição de uso proibido. O réu será defendido pelo advogado Pacífico Saldanha, que sustentará que seu cliente misturou remédios com bebidas. O júri popular também é exibido em um telão e assistido por 150 pessoas que se encontram no auditório do antigo prédio do Fórum da cidade situada na região noroeste do Estado. O chefe do Ministério Público gaúcho, Roberto Bandeira Pereira, membros da Administração Superior - os Subprocuradores de Justiça Antonio Carlos de Avelar Bastos, Mauro Henrique Renner e o coordenador do CAO/Criminal Eduardo de Lima Veiga - e o presidente da Amprgs, Carlos Otaviano Brenner de Moraes, também acompanham o desenrolar do julgamento que deve terminar na madrugada deste sábado.

CRIME

O crime ocorreu seguido de um acidente de trânsito. Küfner, recém chegado em Santa Rosa, foi assassinado com tiros de revólver. Heitor, na época soldado da Brigada Militar, estava à paisana e tinha antecedentes criminais. Ele matou o Promotor de Justiça depois de colidir o carro contra uma árvore. Küfner tinha assumido suas funções na Comarca há 10 dias, após passar no concurso para ingresso na carreira. O membro do Ministério Público tombou na calçada da avenida que atravessou ao ouvir um estrondo quando deixava a Promotoria de Justiça. Heitor sacou a arma pertencente à BM quando Küfner identificou-se e pediu ao sargento que atendia a ocorrência e reconhecera o motorista como brigadiano, que o encaminhasse para exame de teor alcóolico. Além do revólver da corporação, o então policial portava um Magnum 357. Expulso da Brigada Militar, Heitor estava recolhido há 22 meses na Penitenciária Modulada de Ijuí.

INTERROGATÓRIO

Ao levantar-se do banco dos réus para se portar de pé, de frente para o Magistrado e o Promotor de Justiça, Heitor Ávila se reservou e adiantou que deixaria sua defesa “nas mãos de meu advogado e do corpo de jurados”, pois não falaria sobre o acidente e o homicídio. Contudo, ao ser questionado sobre dados do processo, revelou que devido a muitas preocupações e estar nervoso em conseqüência de problemas particulares, estava há um mês ingerindo medicamento especial para manter a ereção, receitado por um urologista. Heitor, que pertenceu a uma célula do GATE em Caxias do Sul, disse que sempre andava armado para sua própria defesa pessoal. Inclusive, relatou que a pasta com farta munição encontrada em seu carro era da Brigada Militar, mas nunca deixava o material em sua casa por preocupa-se com o filho.

“Não se pode arriscar ir para a rua somente com o armamento da Brigada”, sublinhou Heitor, explicando porque portava, também, um revólver de uso restrito e proibido. O ex-brigadiano frisou que não lembrava do episódio e o esquecimento poderia ser “tensão e a sobrecarga de serviço”. Confirmou que foi treinado para enfrentar várias situações e, ainda, discorreu brevemente sobre os procedimentos adotados em ocorrência de trânsito. No entanto, salientou que apesar de julgar-se um “guerreiro na vida”, não recordava do fato que o envergonhou. O júri popular encontra-se na fase de leitura de peças do processo que contém 14 volumes e mais de 2.600 páginas. Antes, porém, o Ministério Público exibiu uma fita de vídeo apreendida no veículo do ex-brigadiano contendo o treinamento que teve na BM para enfrentar situações de risco e os procedimentos que deveria seguir.



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