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Ministério Público pede condenação do réu

Ministério Público pede condenação do réu

marco
Promotor de Justiça iniciou acusação contra ex-PM que assassinou Marcelo Küfner em Santa Rosa. Pai da vítima acompanha julgamento e diz que réu é um perito em matar

Após a exibição, para os jurados, de uma fita de vídeo apreendida no automóvel de Heitor Ávila, começou, às 17h desta sexta-feira, a leitura de peças indicadas pelo Ministério Público no processo de 14 volumes e mais de 2.600 páginas que apurou a morte do promotor de Justiça Marcelo Küfner, de 33 anos, em Santa Rosa. Depois de assistirem as imagens do treinamento que o ex-soldado teve na Brigada Militar para o enfrentamento de ocorrências de risco e procedimentos que deveria adotar em determinadas situações, os jurados também viram fotos do local do crime e da vítima, passadas em uma tela pelo promotor de Justiça Maurício Trevisan.

TIROS

A acusação do Ministério Público iniciou às 22h30min. O Promotor de Justiça sustentou que, por volta da 1h da madrugada de 14 de maio de 2004, o réu, usando um revólver pertencente ao patrimônio da BM, desferiu seis tiros contra o promotor de Justiça Marcelo Küfner, dos quais quatro acertaram a vítima, causando-lhe lesões corporais e a conseqüente morte. O percurso dos projetis no corpo da vítima foi demonstrado em um boneco de plástico por Trevisan. O representante do Ministério Público reforçou que o crime foi cometido “mediante recursos que impossibilitaram a defesa”, seja pela surpresa, uma vez que Heitor, após conversar calmamente com o Promotor e policiais militares que atendiam a ocorrência, retirou da cintura a arma cuja entrega fora solicitada pelo sargento em serviço e, sem que houvesse razão para a vítima esperar uma atitude agressiva, “passou de imediato a disparar contra ela”.

ÁLCOOL

Maurício Trevisan observou que o ex-brigadiano desfechou tiros à curta distância, “até finalizar a munição disponível no tambor, inclusive atingindo a vítima quando esta já estava caída no chão”. O Promotor de Justiça enfatizou aos jurados que, momentos antes do homicídio, Heitor conduziu o Monza placas AAC-1786, sob a influência de álcool – foi detectada em perícia a concentração de 10 decigramas da substância por litro de sangue – em vias públicas da cidade de Santa Rosa, “expondo a dano potencial transeuntes, moradores das adjacências e, especialmente, seu caroneiro”, porque, após sair de uma lanchonete situada na rua Buenos Aires e dobrar à direita na avenida Rio Branco, perdeu o controle do veículo, colidindo a lateral deste contra o canteiro central da via, indo na direção da calçada, subindo o meio-fio e batendo em uma árvore, derrubando-a, tendo o automóvel ficado “acavalado”.

Trevisan ressaltou que Heitor portava, em um coldre sub-axilar instalado sob suas vestes, um revólver Smith & Wesson, calibre 357 Magnum, “arma de fogo de uso proibida ou restrita, municiada, sem autorização e em desacordo com determinação legal e regulamentar”. Além disso, o ex-brigadiano possuía, em uma maleta que levava no porta-malas do carro que dirigia, 20 cartuchos calibre 40 e nove cartuchos calibre 9mm, munição também de uso proibido ou restrito. Maurício Trevisan assinalou, ainda, que “houve um desvirtuamento do aprendizado” por parte de Heitor, que utilizou cursos de especialização “para produzir outros resultados”, tanto que responde a processo em Caxias do Sul por envolvimento em um homicídio. Por isso, o Ministério Público pediu a condenação do réu por homicídio qualificado, mais embriaguez ao volante e porte ilegal de arma e munição de uso proibido.

PAI

O pai da vítima, Homero Küfner, acompanha o desenrolar do júri popular que deve ter a sentença prolatada na madrugada de sábado. Dizendo que é “difícil encarar a realidade” e que vive de memórias do filho que soube “viver intensamente sua vida”, Homero adiantou que, como pai da vítima, o resultado do júri pouco significará, “porque não trará meu filho de volta”. Entretanto, como cidadão, representará uma vitória da sociedade, “que deve se unir e buscar forças no combate ao crime”. Sobre o fato de estar frente ao réu, foi taxativo: “estamos diante de um matador, um verdadeiro perito com antecedentes criminais!”



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