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Ativista Nadia Murad, Prêmio Nobel da Paz em 2018, recebe homenagem no MPRS

ceidelwein

A ativista iraquiana na defesa dos direitos humanos e vencedora do Prêmio Nobel da Paz em 2018, Nadia Murad, foi homenageada no Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS) na manhã desta quarta-feira, 21 de junho. Na ocasião, o procurador-geral de Justiça, Alexandre Saltz, entregou a ela o Prêmio Miguel Velasquez de Direitos Humanos, honraria que reconhece personalidades que se dedicam à defesa dos direitos humanos e à proteção da infância e da juventude.

Durante o evento, aconteceu um painel com a ativista, promovido pelo MPRS juntamente com a Associação do Ministério Público do Rio Grande do Sul (AMP/RS), pela Fundação Escola Superior do Ministério Público (FMP), pela Associação das Defensoras e dos Defensores Públicos do Estado do Rio Grande do Sul (ADPERGS), pela Associação dos Juízes do Rio Grande do Sul (Ajuris), pela Associação dos Procuradores do Estado do Rio Grande do Sul (Apergs), pela Escola Superior da Magistratura do Estado do Rio Grande do Sul (Escola da Ajuris) e pela Fundação Escola Superior da Defensoria Pública do Rio Grande do Sul (Fesdep).

“Eu estou aqui para trazer consciência sobre os problemas da violência sexual em conflitos, genocídios de comunidades marginalizadas no Iraque, no Afeganistão e em tantos outros lugares”, disse Nadia Murad na abertura de sua fala, na qual contou sobre a sua história, que deu origem ao livro “Que eu seja a última”, de sua autoria.

Nascida no Iraque e pertencente à minoria yazidi, Nadia Murad foi sequestrada pelo grupo extremista Estado Islâmico em 2014, aos 21 anos, e explorada sexualmente. Foi prisioneira, juntamente com suas irmãs, amigas e vizinhas, durante três meses, período em que viu seu povo ser assassinado, incluindo diversos membros da família. Após conseguir escapar por conta própria, passou a compartilhar sua história de sobrevivência, tornando-se um símbolo da luta contra o tráfico sexual de mulheres e o uso da violência sexual em guerras e conflitos armados. Em 2018, Nadia ganhou o Prêmio Nobel da Paz.

“A violência sexual durante os conflitos, como hoje acontece na Rússia, Ucrânia e em outros lugares, é uma arma de guerra usada para destruir as famílias por dentro. Silenciar sobre essas questões é proteger os perpetradores dessa violência. Muitas se calam por medo. Mas entendi que era a hora de falar ao mundo que isso acontece, como forma de assegurar que mais nenhuma outra menina passe pelo que minha família e eu passamos”, afirmou a ativista.

Ao entregar o Prêmio Miguel Velasquez de Direitos Humanos, Alexandre Saltz destacou que este é um momento muito importante para o Ministério Público e todo o Sistema de Justiça. “A fala inspiradora que ouvimos aqui mostra o quanto o processo civilizatório precisa avançar”, disse o PGJ, que reiterou a fala de Nadia Murad no sentido de que “não sejam perdidos os registros dessas situações para que nunca se esqueça”.

Após a homenagem, a ativista respondeu a perguntas formuladas por representantes das instituições que promoveram o painel.

Representando o MPRS e AMP/RS, a coordenadora do Centro de Apoio Operacional de Enfrentamento à Violência contra a Mulher, Ivana Machado Moraes Battaglin, agradeceu a convidada por dar visibilidade em âmbito mundial a questões que, à primeira vista, parecem ser um problema restrito a uma comunidade, região ou país, mas que, em verdade, dizem respeito a todas as mulheres do planeta.

Ivana citou a escritora norte-americana Audre Lorde: Não sou livre enquanto outra mulher for prisioneira, mesmo que as correntes dela sejam diferentes das minhas. “Todas e todos nos sentimos muito honrados com a sua presença, para ser agraciada com esse importante prêmio de direitos humanos, que reconhece sua trajetória de luta por todas as mulheres que ainda estão acorrentadas”, afirmou a promotora de Justiça.

Os representantes das instituições que fizeram perguntas à ativista foram: a vice-presidente da ADPERGS, Maína Ribeiro Pech; a vice-presidente de Aposentados da Ajuris, desembargadora Helena Ruppental Cunha; o presidente da Apergs, Carlos Henrique Kaipper; a representante da Fesdep, Juliana Lavigne; a representante da FMP, Adriana Schiller Beliziário; a diretora da Escola da Ajuris, Patrícia Antunes Laydner; e a presidente da Escola Superior de Advocacia Pública da Apergs, Fabiana da Cunha Barth.

ATIVISMO

Depois de se libertar do sequestro, Nadia Murad se tornou uma militante dedicada à luta pelos direitos humanos e à defesa do seu povo. Seu trabalho impulsionou investigações do Conselho de Segurança das Nações Unidas e segue até hoje obtendo condenações dos envolvidos por meio de julgamentos internacionais.

Em reconhecimento ao seu ativismo, Nadia recebeu o Nobel da Paz em 2018 e, desde 2016, é embaixadora da Boa Vontade para a Dignidade dos Sobreviventes de Tráfico Humano das Nações Unidas.

Considerada pela revista Time uma das 100 pessoas mais influentes do planeta, ela lidera a Nadia’s Initiative, organização dedicada a lutar por um mundo onde as mulheres possam viver em paz e as comunidades que passaram por traumas e sofrimento sejam apoiadas e reconstruídas.

PRÊMIO MIGUEL VELASQUEZ

O Prêmio Miguel Velasquez de Direitos Humanos visa reconhecer formalmente a dedicação e a relevância dos serviços prestados ao Ministério Público e na defesa dos direitos humanos e na proteção à infância e juventude. É uma homenagem ao promotor de Justiça Miguel Granato Velasquez, falecido em 29 de agosto de 2014.



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